Arquivo do mês: novembro 2007

Penso, logo não te amo

Sempre gostei de tentar entender as religiões e a as pessoas que fazem
parte de uma comunidade religiosa. Uma vez fiz uma pergunta sincera a
alguém que ia a igreja, era mais ou menos assim:

– Se tudo que
Jesus diz é "Ame o próximo como a si mesmo, e a Deus acima de todas as
coisas", porque as pessoas se apegam a outros detalhes que são apenas
partes soltas desse princípio, ou que não tem nada a ver as vezes?

Eu
achava na época que esse era um princípio, um fenômeno da religião, mas
na verdade é algo humano e pessoal. As pessoas entendem suas
limitações, sabem que não vão conseguir seguir o princípio básico
totalmente e então dão importância a outros detalhes não tão completos
ou que as vezes sequer estão relacionados ao fato principal, mas são
bem mais plausíveis de conviver, mascaram para si mesmas (e acreditam
nisso) como uma forma de assim dar seguimento a suas vidas
tranqüilamente.

Aqui se incluí a incrível capacidade das pessoas
mesmo erradas acharem que estão certas, parece muitas vezes um crime
estar errado e se alguém lhe aponta um erro, piorou. Vários conflitos
do nosso dia a dia são baseados nessa incrível programação cabeça dura
que temos, e as vezes alguns até acabam de forma trágica.

Mas
talvez nenhum dos casos acima seja uma maior prova do que quero dizer
do que receber um "não" de quem se ama. A primeira coisa que vem na
cabeça de quando um relacionamento acaba é "por que?", e isso quase
sempre traz as respostas mais falsamente "amaciadas" possíveis (isso
claro, se a pessoa em questão ainda possui um pingo de sensibilidade
para com outro ser humano). Alguém poderia até justificar que é
importante saber para poder melhorar, ou para quem sabe conseguir mais
uma chance… mas sendo sincero, nunca vi ninguém que melhorou por uma
explicação de fim de relacionamento. Se a pessoa quer descobrir se tem
algum problema que faz os relacionamentos darem errado é muito melhor
perguntar ao amigos, familiares, ou terapeutas do que ao seu
ex-parceiro(a)… na verdade este deveria ser a última pessoa a ser
indagada já que o problema pode ser ele(a) e não você.

Mas o
motivo, a razão, tão buscada, tende por virar uma muleta, uma fuga da
realidade. Entra na questão do factóide ser maior que o fato em si, e o
fato é que não dá mais! Não existe uma cláusula contratual que estipule
que tudo tem que ter um motivo ou que todos sejam obrigados pela lei do
comcubinato a explicar, em forma de relatório de no mínimo 30 páginas
com espaçamentos das normas técnicas da ABNT, o porquê da relação não
dar mais certo. A verdade é que apenas um "não" deveria bastar, isso é
que é significativo para que uma pessoa siga em frente sem olhar para
trás e dê seguimento a sua vida.

O divisor de águas para mim
nesse aspecto foi quando assisti o filme Closer, principalmente por uma
frase dita por uma das personagens já no final do filme: "Descobri que
não te amo mais". A naturalidade, o contexto, a forma como ela falou,
como se estivesse se libertando, como se fosse simples, um "te amava a
5 minutos antes, agora perdeu playboy!". Tudo aquilo me deixou
estático, porque naquele momento que vi o filme no cinema, eu estava na
fase mais dor-de-cotovelo que já tive em toda a minha vida. Então muito
do que eu falo aqui, não falo da boca para fora, mas eu vivi.

A
verdade é que se a gente se preocupasse mais com os fatos, com o que
realmente importa, e não tentasse arrumar desculpas ou motivos paras as
coisas serem mais fáceis ou para não ter que encarar a realidade,
seríamos muito mais objetivos e estaríamos no caminho de ter a vida
mais no nosso controle. Só não garanto que a vida iria ser mais fácil
assim.

Filosofia de Boteco

Minha coluna filosofia de boteco dessa semana, espero que gostem, não deixem de comentar lá no opinião web (www.opiniaoweb.com) se gostarem, não gostarem, ou tiverem algo a crescentar.

Inteligência Social ou Burrice coletiva?

Hoje vamos filosofar sobre um tema polêmico (sentiram a tensão no título?). Há algum tempo atrás escrevi num blog que tenho, sobre a experiência de visitar o orkut da minha irmã que é 10 anos mais nova que eu. Não pude deixar de notar uma seqüência que se repetia nas fotos, garotos musculos sem camisa e fazendo pose (até certo ponto meio ridícula, mãos debaixo das axilas, ou suvaco se preferir, com os polegares para fora, e colocados para cima) por sinal todos tiravam fotos nessa mesma posição. As meninas tirava foto fazendo biquinho, com a câmera aparecendo (é leitores, de um tempo para cá as câmeras também aparece nas fotos, uma evolução do equipamento…) e fazendo um "V" deitado que eu chamo "V" da vitória torta.

Naquele dia parei para pensar: Porque tanta gente segue o mesmo comportamento grupal? O que se percebe é que realmente vivemos num mundo onde a personalidade, onde o fato de ter um diferencial, e de buscar esse diferencial de cada um é cada vez mais deixado de lado. A massificação ocorre em todas as frentes, as pessoas buscam a necessidade de se agruparem e seguirem modismos, principalmente os mais jovens. Mas existe uma verdade maior para que isso ocorra, e não é muito difícil chegar a uma conclusão… é simplesmente porque é mais fácil ser assim, e o mais incrível é que isso funciona!

Mas uma pessoa deixar de ser "o indivíduo" para ser "algum indivíduo" na lógica direta parece ser roubada, mas se ousarmos pensar por um ponto de vista diferente chegaremos a conclusão de que não tem nada de roubada, pelo contrário. Acho que agora sim ,quem está me lendo deve achar que surtei de vez, mas vou mostrar a vocês com uma analogia que bolei na época:

Supondo que você caro leitor fosse a um supermercado comprar uma maçã, e chegando lá tivessem uns 150 tipos da mesma, com diferentes sabores, cores, texturas, e outras características. Não seria bem complicado escolher uma? Mas o que acontece é que simplesmente você vai no supermercado e tem maçã verde e maçã vermelha, você não vai pensar muito, tem 2 tipos para escolher, e dentro daqueles tipos a que você pegar está de bom tamanho, pois possuem características praticamente iguais.

É mais ou menos assim que a coisa funciona, Patys e Mauricinhos, Góticos e Metaleiros, Pagodeiros e Bregueiros, é muito mais fácil ser notado, ser "escolhido", assumindo uma característica massificante do que sendo único. Isso é uma estratégia extraordinária… não posso deixar de admirar que tal estratégia seja tão inteligente na sua essência (mesmo que quem a siga dificilmente pense e se dê conta disso).

Nesse contexto, ainda existem aqueles que são capazes de se adaptar ao modismo vigente (mais uma vez minha irmã é um grande exemplo). Se amanhã tirar fotos plantando bananeira virar uma febre, as pessoas logo se adaptarão a isso. Seria isso falta de personalidade? Burrice coletiva e generalizada? Depende do ponto de vista. Uma ex-namorada minha que era psicóloga chamava isso de “Inteligência Social”, ou seja, tudo isso é uma incrível capacidade de se manter em destaque na sociedade, de ser popular não importando a tendência.

Sinceramente, mesmo reconhecendo isso tudo como mecanismos inteligentes, acho que as grandes idéias, as mudanças significativas, vêm quando as pessoas colocam sua pessoalidade(existe essa palavra?) para fora, deixam de ligar para o que os outros pensam, e se colocam a margem do mundo massificado tendo assim uma visão exterior dos acontecimentos. Vamos massificar o diferencial entre todos, sejamos nós mesmos e vivamos isso, pode ser o jeito mais difícil, mas quem disse que o jeito mais fácil de se fazer algo é o melhor?

Alessandro é nerd, bacharel em ciência da computação, estudioso de ciência da religião, filósofo de boteco nas horas vagas e não se dá muito bem com sua irmã mais nova.

Ultimo bacio

Estava ouvindo uma música chamada "Last Kiss" e me deu vontade de
escrever esse texto abaixo, queria que tivesse ficado mais romântico mas não consegui rs… é um pouco biográfico mas não tem a ver com
ninguém especificamente.

O ultimo beijo

Você nunca me contou…
Que aquele seria o nosso último beijo
Talvez se eu soubesse
teria sido diferente
Teria sido mais doce…
Teria olhado nos teus olhos…
Teria marcado para ser lembrado…

Um último beijo inesperado
É uma amarga saudade
Vira um prêmio de consolação
É quase uma obrigação
É a extrema unção de uma relação
Beirando as portas da morte
É a covardia de oferecer um alento
A um sentimento moribundo

Mas doce é o último beijo
Que é uma promessa
É um selo de um juramento
Esse é dado com lágrimas nos olhos
É o que exala saudade
Por você não saber o futuro
Até quando ele será o último
Talvez até para sempre
E para sempre inesquecível

Mas você nunca me contou…
Que aquele seria o nosso último beijo
Talvez se eu soubesse
Teria sido diferente
Teria sido mais intenso…
Teria sido mais triste
Teria quebrado a promessa que te fiz…
Mas iria embora sem olhar para trás

Dúvidas?

Sou um contador de histórias
De uma vida de momentos tristes
E de momentos felizes
De sorrisos alegres
E de lágrimas sinceras
De sonhos bonitos
E de ilusões amargas

Contava como um dia
Eu vi um mundo
E ele começava no meu coração
E terminava numa canção
que falava de amor e de esperança
Mas que vivia a desconfiança
De que nunca exista um final feliz

Mas feliz eu sou e não sou
Assim como a água tem e não tem gosto
Assim como se sente e não se sente o ar
Assim como é triste amar e não ser amado
Feliz é quem ama sem esperar retorno
Um dia termino a minha história com um ponto
Mas talvez de interrogação!

Web Messenger!

A galera do MSN agora colocou uma ferramenta interessante, coloquei como teste nesse post, agora você pode ver se eu estou online ou não, e se eu estiver pode me mandar uma mensagem por aqui, seja usando o ser perfil ou como convidado. É bem legal porque assim se alguém gostar dos meus textos pode falar diretamente comigo, ou se não gostar e quiser me xingar também =P

http://settings.messenger.live.com/Conversation/IMMe.aspx?invitee=347f1ee9a5684638@apps.messenger.live.com&mkt=pt-br

Para Refletir…


"Não devemos
acreditar nos muitos que disseram que só as pessoas livres devem ser
educadas, deveríamos antes acreditar nos filósofos que dizem que apenas
pessoas educadas são livres"

Epiceto, filósofo romano e ex-escravo

Tô acabando de ler um livro de Carl Sagan muito bom, quando terminar
vou falar mais sobre o livro e sobre o autor, só queria dizer que vi
essa frase de cima em um dos capítulos e não poderia deixar de colocar
aqui.

Ah e minha coluna no opinião web até que teve um bom número de acessos
no primeiro dia, fiquei feliz com isso, dá uma motivação para continuar
escrevendo!

Filosofia de Boteco

Um amigo meu está lançando um site onde qualquer pessoa pode colaborar e colocar notícias, é o opinião web  e me convidou para escrever uma coluna lá semanal. Então escrevi, e vou sempre estar reproduzindo na integra aqui no meu blog também, espero que gostem:

O início!

Quem nunca ficou bêbado e começou a filosofar num boteco?

Bem, eu! Porque não bebo, mas vivo filosofando, o que mostra que o álcool não é um fator determinante nessa tarefa é apenas um catalisador para quem não é tão perturbado do juízo. Quem já é não precisa!

O fato é que um “papo cabeça", "viajado", que aparentemente não diz "coisa com coisa" tem um lado importante em nossas vidas, geralmente nos tira do marasmo do mundo em que vivemos. Quando éramos crianças cada esquina, cada hora, cada dia era uma descoberta diferente. Quem nunca deitou no chão e ficou horas olhando as nuvens passando, seus formatos engraçados e achava tudo isso super divertido (sempre via dragões e outros serem estranhos).

Agora pergunto… quando foi a última vez que você fez isso? Que indo ao trabalho, tirou dois minutinhos para se dispersar e olhar para o céu? Olhar para alguma nuvem e ver se ela tem algum formato engraçado? Quantas vezes na volta pra casa, parou pra ver como estava a lua? Minguante? Crescente? Cheia? Nova?

A verdade é que nós vamos nos automatizando com o tempo, nosso pensamento investigativo, nossa admiração pelo mundo, vai dando lugar a rotina. De casa pro trabalho, do trabalho pra casa, família, mulher, filhos, aluguel, dinheiro, contas, chefe, problemas, problemas, problemas! Perdemos a simples capacidade de percebermos um pouco mais a nossa volta, porque aparentemente o nosso mundinho é o nosso universo, o universo EGO.

Gosto de traçar dois paralelos quando penso sobre isso, o primeiro é o da formiga. Analisando um mundo em pequena escala, as formigas já nascem programadas para o que vão fazer, ou seja, trabalharem coletivamente para o bem da sociedade. Para uma formiga seu formigueiro é seu universo, seu trabalho sua função, e nada mais além disso, até que alguém maior (você por exemplo leitor) simplesmente passa por cima dela e… pronto adeus formiga.

O mesmo ocorre conosco, vivemos nosso universo miniatura, mas basta um evento maior externo, um cometa ou um asteróide de grandes proporções (vamos logo no pior caso) cair na Terra para mostrar que seu universo limitado não é nada, e o pior, seu poder individual de agir sobre isso é nulo.

Por isso, talvez, o grande mérito da filosofia tenha sido mostrar a capacidade do homem de usar seu pensamento para ultrapassar a barreira da sua pequenez interior, que se materializa como um universo exterior, e com isso descobrir toda uma gama de possibilidades novas e fascinantes!

Então, voltando a explicação do nome dessa coluna, que lugar melhor para discutir tudo isso do que numa boa mesa de bar com amigos tão “perturbados” quanto você?

De onde venho? 
– Do trabalho!
Onde estamos?
– No bar!
Para onde vamos?
– Eita essa é difícil, daqui a umas duas cervejinhas tu pergunta de novo!

Alessandro é nerd, bacharel em ciência da computação, estudioso de ciência da religião, e filósofo de boteco nas horas vagas e de vez em quando deita no chão e fica vendo formatos engraçados de nuvens no céu.